sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

JESUS CRISTO, O SENHOR DE TUDO - DEVOCIONAL

No Breve Catecismo de Westminster, na Pergunta 107 - “Que nos ensina a conclusão da Oração do Senhor? - dá como resposta: "A conclusão da Oração do Senhor, que é: “Porque teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém”, nos ensina que na Oração devemos confiar somente em Deus( Dn 9. 18, 19), e louvá-lo em nossas orações, atribuindo-lhe reino, poder e glória( 1 Cr 29. 11- 13). E em testemunho do nosso desejo e certeza de sermos ouvidos, dizemos: Amém”( I Co 14. 16; Ap 22. 20, 21)". Fiquei a pensar nas implicações gerais desta Conclusão.

A conclusão da Oração do Senhor tem, em si, uma concepção esquecida pelos Cristãos contemporâneos. Chama-se Cosmovisão. Trata-se de uma visão de mundo com um conjunto de hipóteses ou pressupostos que determinam a forma como olhamos o mundo e nosso lugar nele.

A Conclusão do Pai Nosso, portanto, nos apresenta uma
visão de que Jesus Cristo é o Senhor sobre tudo. Temos a tendência, por causa do pecado em nós, de buscarmos autonomia em algumas (se possível em todas!) áreas da nossas vidas. Por exemplo, acreditamos que Cristo possa nos dizer como devemos ser na nossa vida religiosa, mas não acreditamos que Ele tenha alguma ingerência em nossa vida profissional.

Podemos
achar que Cristo tem a ver apenas com Bíblia, oração, cânticos sagrados, igreja e coisas afins; mas não pensamos que Cristo tem a ver com nosso lazer, afazeres domésticos, estudos, nossa sexualidade ou mesmo com o nosso comer ou beber. Mas, de acordo com a Oração do Senhor, desde a primeira proposição - Pai nosso que estás no céu - passando pelo “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”, o Senhor tem senhorio sobre tudo, até mesmo nas coisas mais simples: “quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (Cf. 1 Co 10.30). Os três termos da Conclusão - Reino, Poder e Glória - apontam para este senhorio em esferas da vida que perpassam a simples religiosidade.

Foi o Teólogo
Hermann Dooyeweerd que uma vez falou sobre a soberania de Deus em termos de esferas diferentes de existência. Deus é soberano sobre diferentes aspectos ou esferas da vida: o Mundo, a Humanidade, a Nação, Educação, Igreja e a Família.

O Teólogo e Estadista Cristão
Holandês Abraham Kuyper certa vez comentou sobre o papel de Jesus Cristo:

O Filho não pode ser excluído de qualquer coisa. Você não pode apontar para qualquer área natural ou uma estrela ou um cometa ou mesmo descer às profundezas da terra, mas está relacionada a Cristo, não de algum modo irrelevante tangencial, mas diretamente. Não há força na natureza, não há leis que controlam essas forças que não tenha sua origem na Palavra eterna. Por esta razão, é totalmente fals restringir Cristo para assuntos espirituais e afirmar que não há nenhum ponto de contato entre ele e as ciências naturais.

Assim, na próxima vez que falarmos
as palavras da Conclusão, pensemos se de fato Cristo é Senhor sobre tudo em nossas vidas.

postado por Gaspar de Souza. SDG

Nota:

1. Recomendo a excelente leitura do livro de KENNEDY, D. James; NEWCOMBE, Jerry. Lord of All:Developing a Christian World-and-life View. Wheaton - Ill: Crossway Book, 2005.

Um comentário:

Casal 20 disse...

Caro Gaspar,

gostei muito do post.

Fez-me lembrar que, na Escola Dominical da minha Igreja (IP Nacional, DF), aprendi que a diferença entre a Reforma Calvinista e a Reforma Luterana é que esta se restringiu às questões de doutrina e eclesiologia, mas aquela buscou uma reforma para a sociedade, para o homem em todos aspectos da sua vida, ressaltando, exatamente, a doutrina da Soberania de Deus.

Abraços sempre afetuosos.