terça-feira, 1 de junho de 2010

A COMUNIDADE EUCARÍSTICA


“Desejo de pertencer” é fundamental no homem, este um ser gregário e sociável, criado assim e para isso (Gn 1.26ss). Infelizmente, este desejo tem sido transferido para o enquadramento tecnológico e comercial de nossa época. Vai-se à igreja como se vai ao mercado: escolhe o que comprar, paga-se, vai pra casa e, depois, se faltar algo, volta-se ao mercado. Lá, no mercado, você até encontra uma ou outra pessoa conhecida, cumprimenta, acena a cabeça ou uma das mãos, diz “oi” e vai embora novamente.

Devido a “tirania do urgente”, o senso de que se faz parte de algo maior na comunidade é esquecido. Os círculos de amigos são restritos. Por outro lado, as comunidades virtuais e sites de relacionamentos (orkut, facebook, twitter etc) são assustadoramente grandes e tendem a crescer. Pessoas (?) que têm, em seu site de relacionamento, centenas, chegando a milhares de “amigos”. Eu, por exemplo, tenho 208 “amigos”. Um dos meus amigos virtuais tem mais de 800 “amigos”!!!!. Também pertenço a algumas “comunidades”. Numa, sobre tradução, sou membro juntamente com outros mais de 14.300 membros! Esta tem sido a experiência de milhares apenas no Brasil e bilhares no mundo! Porém, isto é “pertencer” e ser membro de uma comunidade?

Neste sentido, a Santa Ceia tem muito a ensinar. A Santa Ceia do Senhor, além do significado teológico da morte e ressurreição de Jesus Cristo(1Co 11. 23-25), e quando dela participamos também pregamos ao mundo que Cristo há de voltar Segunda vez(1Co 11. 26), tem o sentido de “povo da aliança”, de comunidade unida em torno de uma mesma esperança.

Nela, todos que têm a mesma fé e esperança partilham os mesmos ideiais. A igreja local junta-se à igreja geral, espalhada na face da terra e, também, une-se aos crentes do passado e do futuro. A ideia de “um só rebanho” é expressa no partir do pão e beber do cálice, sob o mesmo cabeça, Cristo, formando um só corpo, a igreja.

A teologia por trás da participação na Santa Ceia é a “união mística com Cristo”, além da nossa união uns com os outros. Não é por menos que Cristo havia dito “este é o meu corpo que é partido por vós”. Na Ceia não estamos comendo e bebendo de “corpos” diferentes; não somos alimentados por “cabeças” diferentes.

Por isso é importante que todos participantes se auto-examinem em reconhecer este sentido; se sua fé é compartilhada com outros cristãos; seu arrependimento, principalmente em ofensas a Cristo e ao Corpo de Cristo; se seu amor corresponde à alegria de participar com outros crentes deste Corpo e se sua nova vida está, de fato, em obediência a Jesus Cristo.

É preciso resgatar o senso de comunidade hoje. Não é a comunidade virtual instalada nos orkuts e facebook da vida; nem mesmo qualquer outra forma de distanciamento da comunidade eucarística (igreja) que suscitará o retorno ao original de nossa história como povo da aliança e, por isso, participantes da mesma mesa. Nisto, a Santa Ceia resgata o senso comunitário, e faz com que os que creem tenham um só coração (At 4.32).


Postado por Gaspar de Souza. SDG

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