sábado, 26 de dezembro de 2009

DEVOCIONAIS E ORAÇÕES DE JOÃO DE CALVINO

A Palavra Soberana

Ouvi isto, ó sacerdotes; escutai, ó casa de Israel; e dai ouvidos, ó casa do rei, porque este juízo é contra vós outros, visto que fostes um laço em Mispa e rede estendida sobre o Tabor.

Os 5.1

Aqui o profeta prega contra todo o povo, mas dirige o seu discurso principalmente para os sacerdotes e os governantes, já que eles eram a fonte dos males prevalecentes: os sacerdotes visavam ao lucro; os líderes se corromperam totalmente. . . . Nem mesmo os reis estão dispensados da obrigação de aprender o que é ordinariamente ensinado, se quiserem ser considerados membros da Igreja, pois o Senhor requer, sem exceção, que todos sejam governados pela sua Palavra. E como os reis acham que não fazem parte do comum dos homens, aqui o profeta deixa claro que foi enviado a eles e aos seus conselheiros. O mesmo se aplica aos sacerdotes, pois em sendo a dignidade do mister deles a mais alta, esta impiedade tem predominado em todas as eras: os sacerdotes acham que estão livres para fazer o que bem lhes apraz. Antes saibamos que, na Igreja, a Palavra de Deus tem a mais alta autoridade, de maneira que nem sacerdotes, nem reis, nem seus conselheiros podem reivindicar para si quaisquer privilégios, como se a conduta deles não estivesse submissa à Palavra divina.

Oração

Concede, ó Deus onipotente, visto que, apesar de nos veres desviar tantas vezes do caminho reto, continuas a nos exortar diariamente sem deixares de nos estender a mão e de nos despertar pela repreensão para que nos arrependamos. — Ó concede que não nos seja permitido rejeitar a tua Palavra com a mesma perversidade que aqui condenas no teu povo antigo pela boca do teu profeta. Antes governa-nos pelo teu Espírito, para que mansos e obedientes nos submetamos a ti com tanta docilidade, que, se até agora não nos dispomos a ser sábios, ao menos não sejamos recalcitrantes e te suportemos curar as nossas enfermidades, para que, arrependidos de fato, nos rendamos a ti tão obedientemente que jamais — desprovidos da sabedoria que nos revelaste não só por Moisés e teus profetas, mas também pelo teu filho unigênito, nosso Senhor Jesus Cristo — pretendamos ultrapassar a regra da tua Palavra. Amém.

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Misericórdia e Fé

Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.

Os 6.6

Esta é uma passagem extraordinária. O Filho de Deus citou-a duas vezes. Os fariseus repreenderam-no por se relacionar com pessoas de vida má e dissoluta, ao que ele lhes replicou, no capítulo nove de Mateus: “Misericórdia quero e não holocaustos”. Com essa defesa, Jesus mostra que Deus não é adorado mediante cerimônias exteriores, e sim quando os homens se perdoam e se toleram e não são exageradamente rígidos. E quando os fariseus acusaram os discípulos por colherem espigas de milho, Cristo citou-a novamente para mostra-lhes que, quem faz a santidade consistir de cerimônias, adora a Deus tolamente; e mostrou também que acusaram os irmãos deles sem motivo, além de converteram em crime o que intrinsecamente não era pecado e poderia ser facilmente defendido por qualquer expositor sábio e sereno. As duas orações seguintes devem ser lidas em conjunto: a misericórdia apraz a Deus; e a fé apraz a Deus. Não é possível à fé sozinha agradar a Deus, já que nem mesmo pode existir sem o amor ao nosso próximo; e, depois, a misericórdia humana não basta, pois se alguém jamais prejudicasse ou ferisse seus irmãos, ainda assim continuaria a ser profano e desprezador de Deus e a sua misericórdia certamente não lhe valeria de nada. Vale notar também que Jesus chama a fé de conhecimento de Deus.

Oração

Concede, ó Deus onipotente, já que somos inclinados a todo tipo de perversidade e facilmente levados a imitá-la e a nos desviarmos sempre que há desculpa e se ofereça oportunidade. — Ó concede que, fortalecidos pelo socorro do teu Espírito, conservemos a pureza da nossa fé e nos seja proveitoso o que aprendemos a teu respeito, que tu és Espírito, para te adorarmos em espírito, com coração sincero, sem jamais nos desviarmos indo atrás das corrupções do mundo, nem imaginar que somos capazes de te enganar; antes consagremos a ti nossa alma e corpo de tal maneira que a nossa vida, em todas as suas particularidades, testifique que somos um sacrifício puro e santo dedicado a ti em Cristo Jesus, nosso Senhor. Amém.


Devotions and prayers of John Calvin, 52 one-page devotions with selected prayers on facing pages.

Org. Charles E. Edwards. Old Paths Gospel Press. S/d. Pags. 16, 17, 18 e 19.

Tradução: Marcos Vasconcelos, junho/2009. (mv.tradutor@gmail.com)

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